quarta-feira, 31 de dezembro de 2014


PELAS ESTRADAS DA VIDA... MONTANHAS E VALES... DESERTO E MARES!

Era um dia difícil. Fechei a porta tranquei com a chave. Acho que naquele instante fechei 20 longos, tristes, sofridos anos da minha história.

Tudo ficava para trás. Móveis, louças, plantas, roupas e cartões e caixas e caixas que acumulavam  lembranças de toda minha vida.

No carro poucos pertences. Ao sair avistei uma velha flanela branca ela havia pertencido a uma tia que já a muito havia se ido para sempre. Dobrei, ela seria usada ainda para uma tarefa especial... secar minhas lagrimas por longos caminhos que me levariam a uma nova história, aquelas para rir e chorar.

A viagem foi tranquila, por vezes sorriamos, por vezes discutíamos (acho que era o desgaste dos últimos acontecimentos) e por vezes as lagrimas desciam e cachoeiras.

Ali na casa do meu irmão era o pequeno Oasis em que parei no deserto da vida para recobrar minhas forças que se esvaiam aos poucos.

Logo meu irmão limpou a piscina para que eu pudesse creio lavar minha alma, se isso fosse possível, porque minha pele não permitia que a água entrasse até lá.

Arrumei um quarto ao lado com minhas poucas coisas. Tirei o que fosse possível. Na parede as telas que um dia eu havia manchado com tinta. A toalha branca na mesa anunciava paz e as rosas de todas as cores que eu colhia todo dia e colocava cuidadosamente sobre a mesa diziam que a alegria poderia anda estar em algum lugar. As horas eram gastos com bordados, o ponto cruz multicor regado a lagrimas formavam maravilhosas flores. Era isso: ponto por ponto flor por flor, a vida ainda poderia me dar um ramalhete, então o desafio era não desistir.

Mas teve um dia que nem piscina, nem toalha branca nem flores nem pontos conseguiram atuar. Todos se calaram. Foram quase doze horas de lagrimas continuas. De onde um corpo humano minaria tanta água? Era a faxina da alma. Minha cunhada aos poucos palavra por palavra com calma foi acalmando a tempestade... aos poucos ela reaparecia no cenário da minha vida estendendo a mão.

A decisão: eu iria a outro estado morar a 100 km do meu irmão. Uma cidade maior. Uma terra que prometia futuro, hospitaleira com forasteiros. O coração era uma geleira. Sozinha em cidade estranha, em uma kitinet, quase sem móveis, sem emprego, vivendo de favr do que meus irmãos dariam, sem parentes,sem conhecidos. O mar ou o deserto não sabe ao certo... eu e Deus. Ufa, eu acho hoje que jamais aguentaria isso. Definitivamente  não era eu.

Lá se foi o carro andando outra vez pelas longas estradas da vida. Meu irmão dirigiu o carro até a metade da viagem, então o outro veio ao nosso encontro e conduziu o carro até o destino.Já eram duas horas da manhã quando chegamos a essa poeirenta cidade do sertão, a escuridão e o silencio pareciam trazer consigo o fantasma da solidão. Pensei silenciosa: Como resistir? Esperamos a noite acabar em um hotel, não conseguimos abrir portão da kitinet que meu irmão havia alugado.Ele dormiu, eu passei a noite tremendo de frio pelo ar condicionado e pelo medo que congelava meu ser.

Dois dias meu irmão trabalhava sem parar para deixar minha nova casa habitável. Uma pequena kitinet, meu irmão teve o cuidado de alugar perto da família de seu amigo, creio que para poder ir embora mais tranquilo. Então vi meu irmão indo embora. O mar,  a boia ,eu e Deus e mais nada. Acho que não era eu, afinal eu não suportaria tal desafio. Mas lembra das palavras do anjo Frances? Bom emprego... inteligente... capaz.... uma cidade a minha frente e todos os desafios imagináveis e não imagináveis. Sozinha a deriva no mar.

Minha amiga em Cuiabá pensou que eu não resistiria. Olhou para o céu e pediu uma solução, era ela que cuidava de mim nas horas de desespero ,então pensou que precisava agir.

Lembrou que em um encontro numa igreja evangélica conheceu alguém da cidade em que eu estava. Achou os contatos de email e telefone, ligou, era quase uma desconhecida mas precisava tentar. E tentou. O novo anjo dessa vez brasileiro estava a vista.

Um domingo em alto mar, vi a mensagem no email de meu celular, a noticia de uma pessoa que talvez pudesse ajudar. Mas era algo bem remoto. Resolvi acreditar.

Meus chips e celular todos se silenciaram. Fui a frente da kitinet para ver se achava um chip com código do estado para reestabelecer a comunicação.  Avistei um carrão descia devagar, uma senhora olhava como procurando algo. Não podia ser... minha amiga disse que ela era simples. E era... desceu, passou duas quadras abaixo parou... voltou.. ufa seria ela?

Finalmente parou em frente a minha kitinet olhou para mim e disse. Estou procurando a Erica. Lá estava ela. A melhor mãe do mundo, amiga, irmã anjo... alguém pode inventar uma palavra para descrever uma pessoa assim? Eu não conheço palavra na escrita brasileira que possa descreve o que foi essa pessoa em minha vida.Então pela falta de palavras eu a chamo de milagre Marli, esse é seu nome. O nome de uma outra Marli uma das melhores amigas que tive no passado.

Quer saber? Não vai dar pra contar... ela tem boas posses. Mas qual o que . Minha amiga não disse que era simples e era, sabe aquilo que se diz de amar ao próximo como a si mesmo, de ser como criança? Belo discurso? Não a pura realidade na vida do milagre Marli.

Saiu  pelos quatro cantos distribuindo currículos, eu naquele carrão, ar condicionado,musica calma e ela lado a lado ali pela cidade comigo. Nunca duvidou nem desconfiou. Era mesmo um anjo que Deus mandou, até hoje não achei outra explicação para esse fenômeno.

A lista: Derramou muito suor para me ensinar a dirigir o carro outra vez, me visitava constantemente, me ajudava em tudo que eu precisava,me deu um celular, comprou esse net que escrevo para que eu pagasse quando pudesse (ainda não paguei tudo) arrumou um ótimo emprego com sua influencia, me convidava as vezes para passar o dia em sua casa, carregou minha mudança em seu carro quando precisei mudar para perto do emprego, emprestou um frigobar, me deu uma bolsa para carregar meu material de trabalho, foi comigo assinar o contrato, me acompanhou no primeiro dia no trabalho, me apoiou quando pensei que fui demitida,mas na verdade fui  transferida para um lugar melhor, me acompanhou no novo local de trabalho.Espera lá quantos dias vou levar para completar a lista? Impossível. Apresento aos meus leitores a melhor mãe do mundo, pura obra prima de Deus. O milagre Marli.

Os pontos do bordado jamais mentiram. Hoje ocupo um cargo de confiança na educação me confiado pelo secretário de educação, com a ajuda de uma amiga da Marli.Pessoas, muitas delas ainda não sei quase nada sobre suas vidas, mas anjos que apareceram nas montanhas e vales desertos e mares.

Minhas colegas de trabalho não se cansam de perguntar como? Cargo de confiança? Não é dessa cidade? Chegou esses dias? Como pode? Quer saber a resposta para tantas perguntas?

Isso simplesmente chama-se MILAGRE se encontrarem outro nome podem me avisar.

Assim são as luzes que se apagam, as luzes que se acedem, a saga das chaves, as montanhas e vales desertos e mares que atravesso  que me levam pra perto de Deus.

Para agradecer. Ainda não encontrei palavras que pudessem fazer isso com meus irmãos e familiares, com meu anjo Frances, com minha amiga cuiabana, com meu milagre Marli . E se eu esquecer alguém na lista? Então sou uma eterna endividada que vai passando pelas estradas da vida escrevendo histórias para rir e chorar.



quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Deveria ser apenas uma consulta médica... Mas foi uma grande lição de vida!
Era um dia cheio de afazeres. Meu irmão havia chegado para realizarmos uma grande maratona de idas e vindas levando nosso pai para fazer exames, tratar dos olhos etc.
Apesar de estar na cidade a sessenta   dias minha vida se restringia ao bairro onde eu estava então qualquer tarefa em outro local ainda se fazia difícil. Alguns problemas de saúde, a expectativa de ficar por pouco tempo e o cansaço emocional eram motivos suficientes para que eu não empreendesse nenhum esforço para mudar aquela realidade, talvez porque a tarefa a mim imposta pelas circunstancias da vida já era pesada demais para que eu tivesse forças de acrescentar o desejo de sair explorando a cidade.
Então decidi aproveitar a presença do meu irmão e tentar realizar alguns exames clínicos que a muito se faziam necessários. Fui  orientada a fazer uma consulta médica para obter os pedidos de exames. Eu já havia conhecido o médico que cuidava  do meu pai e algumas funcionarias da unidade de saúde o que fez minha tarefa de conseguir tudo mais fácil.
A alguns dias atrás escrevi um texto e citei aquele médico, então minha intenção era que ele lesse o texto mas não realizei meu intento de levar uma cópia comigo. Desde o primeiro dia que o vi algo me chamava atenção e nunca pude entender exatamente o que era até que percebi o quanto a história narrada por ele poderia me impressionar ,  apesar das muitas diferenças havia muitos pontos em comum, eram história para rir e chorar como as minhas e com uma superação inimaginável.
Ouvi meu nome, entrei no consultório.
 Não sei explicar ao certo mas aquele deveria ser um lugar seguro mas geralmente causa um certo receio,talvez porque é lá que se descobre os males físicos ocultos. Entrei tentando ser natural, sem êxito com certeza.
_Em que posso ajudar? Ouvi a simples e simpática pergunta.
 Eu sempre percebia uma certa estratégia naquela fisionomia.
Era um homem demasiadamente sério mas sempre parecia que por trás se escondia outra maneira de ser ,eu imaginava que era apenas uma maneira de manter uma certa postura de médico já que sua aparência  muito jovem talvez algumas vezes fosse empecilho para confiança dos pacientes, isso se trata apenas de uma suposição minha.
Expliquei que queria alguns pedidos de exame e falei do meu medo de dirigir na cidade e o motivo de estar fazendo meus exames e de meu pai com a presença do meu irmão.
Incrivelmente ele falou do medo que também sentia de dirigir e como venceu e descreveu a segurança com que hoje fazia aquilo, a cena era tão real que um desejo incrível de aprender aquela técnica invadiu meu coração. Comecei explicar os motivos que geravam meus medo e as palavras que ouvi ele dizendo eram de um otimismo incrível, era mesmo uma aula!
Então falei da minha citação sobre ele em uma das minhas histórias e o desejo que ele lesse. Percebi uma certa alegria   e ele começou a contar uma linda e triste história com uma destreza invejável nas palavras.
Eu fui drogado ! Me tornei um menino de rua... eu mal acreditava no que ouvia e percebi que estava diante de uma das mais belas história de superação que ouvi pessoalmente.
Até a oitava série eu não sabia o que era cometer um erro na escola, eu era um gênio até que alguém me ofereceu as drogas enveredei por esse caminho, me tornei violento, brigava nos ônibus, vivia na rua.
Mas um dia percebi que aquele caminho me levaria a um poço sem saída, tentei recuperar minha capacidade intelectual.
 Então  vi nitidamente a semelhança com o que eu havia sentido e sofrido  no passado o que me  impressionou:
A pessoa que eu realmente era , a que me tornei e a luta pra ressuscitar minha própria personalidade que a vida havia roubado, eu entendia as palavras com o coração.
Ele continuava narrando com a mesma destreza. Passei em uma universidade publica  para o curso de medicina. Eram mais de aproximadamente cem candidatos por vaga na federal de Brasília eu passei.
Eu ouvia a história extremamente resumida porque pacientes esperavam do lado de fora, mas senti que precisava ouvir aquela lição naquela manhã.
Encontrei amigos que me ajudaram, o pai de um hoje bem sucedido cirurgião me ajudou e outras pessoas também e me tornei um médico.
Parece que foi difícil, mas sinto saudades daquele tempo...continuou dizendo!
 Acho que é a sede de superação que ardia como uma enorme chama ainda ! Imagino que a vida de um médico que trabalha na saúde publica é uma superação diária.
Eu falei do meu desejo de que minhas histórias se tornassem em um livro. Ele acrescentou.

Eu comecei escrever um livro mas meu pai faleceu e não continuei. Pode escrever sobre mim citar meu nome ele afirmava com segurança. Senti uma alegria tremenda em ouvir aquilo e pensei que o mundo deveria ouvir aquela incrível história de vida!Prometi que escreveria essa história.  
  Alguns minutos de consulta médica, uma história incrível e o desejo de conhecer os detalhes daquela história de muitas lagrimam e ainda mais sorrisos.
Quem sabe um dia conto uma história baseada em fatos reais, uma história  com que me deparei, acho que eu já havia pressentido desde a primeira vez que o vi que aquela  personalidade enigmática escondia lindos tesouros. Por trás daquele rosto sério e triste havia um sorriso lindo esperando a hora de aparecer. A vida havia ensinado que era necessária prudência para vencer as barreiras que todos os dias permeiam nossa caminhada!
O restante do meu dia foi triste, ouvi aquele montão de absurdos pronunciado por meu pai e meu irmão resolveu se unir em coro aquele triste e tenebroso coral. Minha saúde que estava abalada parecia despencar eu precisava ser forte e aquela história do começo da manhã foi quase como um para quedas que não permitiu que meu dia se tornasse um grande pesadelo porque a beleza daquela comovente história enfeitou meu dia tempestuoso e cinza com um arco-íris multicor
Acho que fui buscar uma consulta do corpo físico mas até esqueci a que havia ido, saí de lá depois de ter assistido a mais bela aula de psicologia de toda minha vida!

Restou agora só o desejo de conhecer o resto da história,li o prefacio de um livro mas existe uma curiosidade tremenda de poder folhear as paginas e descobrir outros tantos tesouros escondidos lá, e quem sabe poder finalizar aquele livro ainda inacabado com uma história para rir e chorar baseada totalmente em fatos da vida real do pequeno grande médico que conhecia nessa manhã desse dia chuvoso e assim escrever um livro cheinho de história triste mas de muita superação e resultados tremendamente alegres!

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Pétala Ao Chão!
A noite foi de muita chuva, choveu torrencialmente e por conseqüência a temperatura caiu proporcionando horas de doce descanso e bom sono o que constitui um verdadeiro tesouro pra que já amargou noites em claro.
Apesar do dia ter amanhecido cinza o frescor remetia a um agradável dia de primavera. Como eu fazia todos os dias fui varrer as folhas caídas das frondosas árvores que ficavam em frente a enorme e linda varanda da casa do meu pai. Dias anteriores a imensa quantidade de folhas espalhava terror aos meus dias, causavam um trabalho imenso e montanhas delas ficavam amontoados na beira do meio fio contrariando os varredores de rua, eu até que tentava colocar em saco de lixo mas eram tantas que o trabalho se fazia impossível.
Agora depois de algumas chuvas fortes elas voltaram a cair em pequena quantidade e tenho até alegria em ficar apreciando o movimento cedo de pessoas indo para academia, cuidando do seu afazeres enquanto varro as poucas folhas de agora.
Mas hoje a calçada estava colorida de ping, o rosa choque dos pequenos fios de pétalas de flores é deslumbrante. Fiquei então pensativa se eu deveria varrer aquela linda cor criada pela natureza e esconde-la em um saco de lixo. Fiquei um pouco triste e pensei em uma maneira que elas ficassem na calçada, mas vi a parte que varri limpa e linda que não tive opção.
Ao amontoar todas aquela petalazinhas vi se formar um pequeno e fofo tapete a cor saltava  aos olhos e mais uma vez senti pena de ter que esconder aquele espetáculo criado pela natureza naqueles horrível sacos pretos. A situação me fez pensar.
As flores são uma das coisas mais lindas do mundo, as pétalas é que dão a real beleza mas se caídas ao chão em lugar impróprio beleza é reduzida a lixo. Lembrei-me de um texto bíblico que fala de jogar pérola aos porcos.
Então fiquei a pensar por quantos anos deixei minhas pétalas, minha beleza, minhas força, minha juventude cair ao chão e virar lixo simplesmente porque decidi depositá-las em mãos erradas e porque agi com covardia diante da vida sem coragem de leva-las ao lugar certo.
Mesmo que você tenha sementes das mais lindas flores mas se essas forem jogadas no deserto, no espinheiro,ou no pedregulho elas se tornaram em nada, absolutamente sem beleza sem valor e deixarão de existir e construir história no mundo. São roubadores de caráter subtraem o valor da vida.
Nem sei porque,talvez como ilustrando a minha lição da manhã minha mente me levou de volta a alguns muitos anos atrás.
Como muitas outras vezes talvez para sobreviver a dificuldade eu estava passando dias na casa do meu irmão, mais uma crise de sofrimento tinha se abatido sobre mim e eu ficava lá tentando achar uma solução para a vida. Lembro-me que o casa trabalhava muito cuidando da empresa que tinham no ramo de madeira e meu sobrinho de doze anos passava o dia em casa em companhia da senhora que trabalhava lá a muitos anos e já praticamente fazia parte da família.
Então acho que eu e meu sobrinho unimos a nossa solidão. Eu levantava cedo e ia deixar ele na escola,no final do período debaixo do sol escaldante ia apanhá-lo de carro. Almoçávamos descansávamos um pouco e cumpramos a rotina de todos os dias. 
A ordem era fazer a tarefa escolar primeiro. Eu olhava a agenda para ver se não havia anotações, depois fazíamos as atividades.  Eu me divertia em ver o quanto ele era inteligente e na facilidade com que entendia e completava tudo. Em véspera de prova a alegria dele é responder todas as perguntas que eu fazia certas e com rapidez. Depois a senhora que trabalhava lá e que voltou a estudar começou a solicitar minha ajuda também.
Depois assistíamos a novela chocolate com pimenta, a festa era ele cantar a musica tema com perfeição e riamos da brincadeira. Então era hora do delicioso banho de piscina. Caíamos na água era momento de muita risada, o lugar era maravilhoso todo rodeado de jardim. Geralmente ele se cansava primeiro e depois a graça acabava e eu deixava a piscina também. Ele ia ao computador onde diariamente se encontrava co a irmã que morava em Goiânia para estudar e fazia muita falta para ele. Então cada um de nós terminava seu dia com sua própria rotina. Mas em algumas horas ele pegava o livrinho para colorir que sua mãe sempre comprava e me encantava com a perfeita pintura,com cores perfeitamente combinadas era encantador o espetáculo que aquela tarefa apresentava diante dos meu olhos.
Depois de aproximadamente seis meses decidi ir embora e achar um caminho para minha vida. Assim que tive alguns pertences meus em minha posse separei lindos desenhos e mandei para meu sobrinho pelo correio para que ele pintasse. Nunca sem perguntar por carta ou por telefone se a agenda estava sem recomendações da professora rsss isso significava que ele continuava fazendo as tarefas direitinho.
Os anos se passaram ele foi morar com a irmã para cursar a faculdade.Quase não tive mais contato até que depois de muitos anos  ele já era um rapaz prestes a se formar na faculdade,eu estava na casa deles outra vez, olhei um imã de geladeira. Que lindo falei sem pensar. Era feito de meias de ceda coloridas, uma borboleta se não me falha a memória. Então minha cunhada disse: Ah foi você que fez naquele tempo em que estava aqui. Fui ver de perto e me lembrei que realmente fazia isso nas horas vagas para ocupar a mente e espantar a tristeza insuportável que assolava meus dias.
Começamos a lembrar fatos , meu sobrinho sorriu se levantou foi ao seu quarto e voltou com a pasta e todo as as folhas que enviei guardadas com cuidado como se elas tivessem sido colocadas lá ainda ontem. Ele sorria ... acho que ele nunca vai imaginar a emoção que aquela pasta produziu em mim. É como seu eu visse flores desabrochando no deserto. Aquele tempo de dor tinha produzido resultados extremamente positivos na vida dele era isso que eu senti com aquele gesto.
Eu havia espalhado pétalas e sementes em terra fértil. O coração dele é até hoje um coração de ouro e por isso é capaz de produzir esses tesouros. Fiquei feliz com a lembrança causada por causa das pétalas rosa choque na calçada pela manhã, mas também fiquei triste pensando quantas pétalas e quantas pérolas joguei em terra seca, viraram lixo embalados em sacos preto.
Uma vez assisti a um enterro em que tiraram os ossos do esposo em sacos pretos de lixo para dar lugar a esposa que havia falecido. Aquela cena foi extremamente desagradável e acho que deveria haver leis proibindo tal procedimento, mas quem sabe as vezes se faz necessário para que possamos refletir o que estamos fazendo com nossa vida. Será que a embalamos em sacos de lixo ou semeamos paz amor alegria por onde passamos e deixamos nosso frutos.
Ou seria que nós próprios somos a terra arida que destrói qualquer semente por mais maravilhosa que seja que venha a cair na nossa vida ou perto dela?
Então essa manhã meu pedido foi que eu encontre terra boa, terra fértil e que eu espalhe com sabedoria as sementes com que Deus me presenteia a cada dia . Mesmo que lutemos com todas as forças, com todo ser e que tenhamos as flores mais maravilhosas se espalharmos as pétalas ao chão se jogarmos as pérolas na vida dos ditos porcos nosso tesouro simplesmente vai parar no lixão e estamos passando nosso tempo na terra em vão.

Escrevo só meditando sobre as pétalas que vi no chão hoje pela manhã!

terça-feira, 14 de outubro de 2014

ERA A ÚLTIMA AULA!
Aquela parecia uma tarde de quinta feira como todas as outras.... mas era a ultima aula não de geografia mas de vida!
Estávamos sentadas na sala dos professores ,minhas três lindas alunas aprendiam flauta. Eu dizia do sonho que tinha de vê-las (as meninas menores) em um conjuntinho só delas, os olhinhos brilhavam com minha fala. A cada musiquinha que elas tocavam com perfeição vibrávamos juntas.... os olhos pareciam cintilar, eu tinha um carinho grande por elas, eu sentia uma alegria enorme no dia da aula. Era lindo mesmo!
Fomos interrompidas pela secretaria que pedia que eu assinasse o ponto mensal, aquilo me chamou atenção e diferente a todos os meses anteriores eu nunca conferira as horas aula mas dessa vez o 180 hs saltou a minha vista, talvez pela maneira nervosa e o momento impróprio algo me chamou atenção. Eu disse que não assinaria e uma guerra se iniciava. Perguntei o porque daquilo e a resposta foi seca: A diretora mandou. Eu sabia que era por duas aulas de ciência que colocaram no meu horário sem me comunicar e ao ver aquilo eu rejeitei aquela atitude, mesmo se faltassem duas aulas seriam 190... mas não faltava. 
As alunas logo disseram : professora você está tremendo! A atitude me irritara bastante , mas procurei terminar minha aula.
Depois do intervalo eu fui para aula de geografia no sétimo ano, entrei na sala mostrando firmeza, estava cansada de tantos tumultos, ameaças, confusões que criavam sem explicação pelas horas que não sabiam somar e contar. (soube que aquela era uma característica daquela gestão e o fato da prefeita afirmar que eu deveria ter 200 horas sempre foi algo que incomodava a todos.)
Pedi que os alunos lessem a história da erva mate , (estudávamos a região sul) e escrevesse com palavras próprias (sem copiar o texto) o que entenderam . Os alunos sabiam muito bem copiar ,mas escrever era tarefa quase impossível,mas eu vinha tentando ensinar autonomia a eles.
Repentinamente a diretora adentrou a sala de aula, pensei que fosse algum aviso, mas não! ... estava com aquele horário costumeiramente pintado de vermelho para me convencer das horas, já havia feito isso varias vezes, colocava com sua letra a soma... depois ela mesmo afirmava com todas as letras que as horas não fechavam, eu achava o cumulo de falta de ética e sabedoria e não entendia porque ela sempre se expunha a esse ridículo com arrogância. Pedi que resolvêssemos a questão fora da sala de aula ela exigiu que eu fosse a secretaria, mas com meus alunos sozinhos e com certeza sairiam do controle, eu não tinha cabeça, pedi licença e voltei um tanto nervosa a sala de aula.
Não entendi o por que criaram todo aquele tumulto do nada aquilo me cheirava a cilada.
Apaguei o quadro e ia colocando novo conteúdo. Cássia a filha da diretora perguntou: Professora a gente não iria ler o que escrevemos? Ah, sim obrigada por me lembrar, então vamos lá. Determinei quem iniciaria a leitura, quando chegou a vez de Samuel um aluno bastante bagunceiro ele foi logo dizendo: eu não vou ler isso não presta pra nada.
Pensei que era uma desculpa por não ter feito a atividade e perguntei: você não escreveu? Escrevi professora mas isso não presta eu não vou ler.
Me dirigi a aluna nota dez da escola: - Por favor você pode ler o texto dele? Determinada ela empunhou o caderno e iniciou a leitura. Fiquei perplexa.
Que texto bom, muito bem Samuel, ele me dirigia o olhar em pé tentando ver verdade em minhas palavras. Olha só Samuel eu não estou te criticando eu quero te ajudar escuta bem o que vou dizer.
A sala já fazia silencio. Eu não quero que um dia aconteça com você o que aconteceu na minha vida. Pessoas próximas a mim me convenceram que eu era incapaz. Que o que eu fazia não prestava pra nada e vivi como um lixo humano por vinte anos só por acreditar no que me diziam e comecei a agir assim, como uma pessoa incapaz. Minha vida se tornou um caos e a única coisa que eu fazia todos os dias era desejar morrer, toda alegria da minha vida foi roubada.
Mas um dia Samuel alguém sentou diante de mim e me dirigiu a palavra como eu estou fazendo com você, e essa pessoa me devolveu a alegria de viver e reconquistei minha capacidade, voltei a ter emprego e por isso estou aqui diante de você agora.
Quando comecei a ser sua professora eu sempre achava que você era bagunceiro porque tinha dificuldade de aprendizagem, mas um dia você disse essas palavras eu insisti e você deu uma boa aula naquele dia, ai descobri que você é inteligente capaz e que tem chances de ser um excelente aluno e um grande profissional no futuro. Mas se você continuar tendo tão baixa auto-estima você vai fazer exatamente como eu fiz jogar sua vida no lixo. Nunca deixe que isso aconteça meu filho, nunca. 
Sentado na carteira debruçado sobre sua mesinha ele secava as lagrimas que não paravam de descer.
Pessoal eu deveria estar ensinando geografia mas nenhum de vocês nunca deixe que alguém os convença de que não são nada,,, nunca! guardem e cuidem bem de suas vidas. 
Os mais valentões estavam vermelhos se esforçando para não deixar as lagrimas descer.
Com voz embargada a filha da diretora dizia baixinho, talvez dessa vez ele muda.... Professora o Samuel está chorando! Outro dizia. 
Sim ele é novinho mas tem suas lutas, suas dores interiores e suas dificuldades... todos temos... mas ele ajuda sue pai cuidando da água da localidade , ele pode aprender ser um grande profissional é só não acreditar que o que faz não presta pra nada. Samuel não estou te criticando você está me entendendo. Ele balançou a cabeça dizendo que sim ... TINHA ENTENDIDO.
Professora a senhora vai fazer a gente chorar dizia Elaine com voz embargada... Sorri! Eu também estou chorando mas é por uma boa causa é uma lição pra toda vida, geografia vocês sempre podem aprender.
O sino tocou... cada um se levantou e saia da sala se despedindo e dizendo coisas boas,eu respondia a cada um retribuindo a gentileza. Eu jamais, nunca imaginei mas aquela foi a ultima aula.... a ultima aula... espero que a lição fique para sempre na vida deles, e aprendi a amar aqueles pequenos bagunceirinhos, com certeza.
No outro dia as coisas tomaram uma direção insustentável.
Era dia da árvore e não houve aula para os alunos maiores, só para os menores e ainda deixei duas ultimas lições... 
A escola estava um caos aquela manhã, desorganização, brigas, as professoras que tinha que ficar na sala não controlavam os alunos que assistiam o movimento no pátio.
Em um minuto de intervalo sentei em uma cadeira no refeitório perto do bebedouro bebendo água gelada para me acalmar de todo aquele tumulto. Uma funcionaria minha vizinha Que quando lá cheguei sempre me encorajava com o sorriso me dirigiu a palavra. Tudo bem professora??? 
Eu? Ah, estou cansada, chateada, aborrecida e tudo que tenho direito. - Eh professora se eu não tivesse filhos eu não tinha medo de sair por ai. Era uma sugestão para que eu jogasse a toalha. Sem saber porque comecei falar com ela sobre a necessidade de ter Deus na vida nas horas difíceis, dos milagres que sempre vivi, da certeza que tinha de que naquele momento Deus estava cuidando de mim. Jordana um dia seus filhos não serão suficiente para motivar sua vida, então minha amiga fite seus olhos em Deus e você vai ver o quanto é bom descansar Nele. Ela era jovenzinha mas tinha uma história de vida triste e tumultuada. As lagrimas desciam nos olhos dela copiosamente e começaram a descer em meu rosto também.
Verdade professora , Deus é tudo mesmo, obrigada ... Eu nunca imaginei mas foi a ultima vez que a vi.... era a ultima aula!
Durante as atividades da manhã vi uma das minhas aluninhas de flauta calada ,com olhar triste... me aproximei e nem sei porque comecei a trançar o cabelo dela (eu nunca fazia isso) e lembrei das minhas tranças comecei a contar minha história... usei tranças até 23 anos... até os dezenove todos os dias minha mãe trançava meu cabelo, depois sai de casa e tive que aprender. Minha mãe já morreu fazem mais de vinte anos mas você acredita que sinto falta dela?
Ela começo falar... professora eu não sabia que ia ter aula na minha sala, cheguei as oito e a professora não me deixou entrar... eu não sabia professora eu vi o bilhete dizendo que não ia ter aula, eu não sabia professora!
Comecei acalmá-la e confortá-la então ela começou a falar da falta que a mãe dela fazia, ela morava longe dali, É mesmo !! afirmei: quando sua mãe esteve aqui percebi que você gosta muito dela. Ela continuou contando a rotina da casa, as dificuldades, eu ia lançando conselhos ,senti como se ela estivesse depositando seus fardos em minhas mão. Tentei ajudar. Foi a ultima vez que a vi... era a ultima aula!
Fiquei sabendo que minhas alunas se reuniram para falar com a diretora acho que pediam a minha volta.... penso que ainda restou a dor da separação da qual Deus me poupou talvez porque sabia que isso seria pesado demais pra mim.
No outro dia depois de atitudes desastrosas da diretora fui convencida por meu irmão a sair daquele lugar e vir cuidar do meu pai que se encontrava em situação delicada já que meus irmãos estavam encontrando dificuldades para poderem cuidar dele, eu vim talvez porque eu já tinha dado minha ultima aula naquele lugar!
Enquanto a camioneta manobrava meu irmão exclamou!! A porta da casa ficou aberta. Todos meus pertences ficaram lá, era a pressão das ultimas vinte e quatro horas. Desci correndo tranquei o cadeado e me deparei com Samuel e mais dois alunos sentados quase em frente a minha casa.
Mais cedo eu tinha ido ao açougue da família dele e a mãe me contou que ele chegou em casa e disse:Mãe a gaucha hoje me disse algo interessante e contou chorando para a mãe o ocorrido na aula, ela com os olhos quase lagrimejando compartilhava a conversa.
=Eu estou indo embora, mas diga ao Samuel que nunca esqueça do que eu disse e que deixei um abraço.
Mas ali estava ele! abracei e disse .... está vendo Samuel olha a prova do que eu te disse... eu poderia estar chorando desesperada com tudo que me disseram, poderia estar me sentindo um lixo... mas não!! estou indo feliz não acredito em nenhuma dessas calunias e mentiras, eu sou responsável inteligente e capaz, Deus abriu as portas estou entrando naquela camioneta vou para uma cidade boa... olha isso ! é assim que se faz!
Não esqueça Samuel um dia vou encontrar você um homem bem sucedido, um homem assim e apontava positivo com as duas mãos... ele me olhou calado, olhos enormes e brilhantes.
Havia mais um aluno da sala dele, irmão da menina que trancei o cabelo, abracei os três. A outra era uma menina rebelde, cheia de dificuldades na vida... ela estava pálida. A cor saiu do seu rosto. Professora você está indo embora? Tive a impressão que do jeito dela ela me amava , talvez eu nunca tivesse percebido.
Eu sabia que mais alguns alunos bem apegados a mim ainda iriam ficar perplexos com a noticia mas a situação exigia que eu não ficasse triste para que aquela difícil tarefa não se tornasse insuportável... afinal eu tinha dada as minhas ultimas aulas e poderia ir tranqüila.
Fui compartilhando o ocorrido... era mais uma aula de saída afinal a vida fez de mim uma professora.
Lembro de algumas pessoas que troquei experiências boas... algumas partiram depois e soube que aquela havia sido a ultima vez que as vi.
Nunca vou esquecer daqueles alunos, das aulas de flauta, da história de superação.
Eu não consigo escrever sem que as lagrimas desçam pelo rosto, mas preciso dizer que meu coração pode sorrir pela oportunidade grande inexplicável milagrosa como Deus permitiu que sem eu saber eu desse a ultima aula rindo e chorando ,aula que espero eu aqueles alunos guardem pra sempre em seus corações.
Hoje o medico da família veio visitar meu pai... quando ouviu eu dizendo professora de geografia começou a contar de uma experiência no sétimo ano, descreveu a professora, eu ainda lembro o nome dela dizia satisfeito. Quem sabe um dia um médico em qualquer lugar do mundo vai se lembrar da professora de geografia aquela da ultima aula... Que Deus nunca permita que desperdicemos a ultima aula

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

PARA COMEMORAR 19,21,22 DE ABRIL

Para Comemorar

A escola onde trabalho como professora de geografia iria promover uma manhã de comemoração referente ao Dia  do índio, De Tiradentes ,e do Descobrimento do Brasil, fui escalada para ajudar na organização da parte literária do evento, pesquisei, li e resolvi escrever o meu próprio texto para comemorar ou eu deveria dizer Para Comemorar?

Conta a história que Espanha e Portugal eram terras poderosas no passado.então eles se lançaram bravamente ao imenso mar.
O que buscavam tais homens Valentes? Pensavam chegar as Índias para buscar preciosas mercadorias como tecidos, jóias,temperos e assim ganhar ]muito dinheiro vendendo tudo na Europa.
Foi assim que a Caravela de Pedro Álvares Cabral carregadinha com 1400 homens cozinheiros, marinheiros etc. chegaram a nossa terra no dia 22 de abril no ano 1500.
Logo, logo perceberam que essa terra tinha donos e foram vendo aquele povo que chamavam de estranho que chamaram de índio.
Eles eram diferentes não tinham a ambição do homem branco não precisavam de roupa, viviam livres, leves e soltos comendo o que caçavam e o que achavam na mata ,não precisavam de roupa,bebiam água pura da fonte. Gostavam de colorir e enfeitar o corpo.cantavam e dançavam,eram felizes.
O dito homem branco que chamamos de culto, precisava civilizá-los,como diziam. Hoje não sabemos ao certo    palavra certa é civilização ou escravidão.
Roubaram do índio a liberdade, a água pura, a pesca, as frutas silvestres, e porque não dizer a alegria também.
Por isso em 1940 homens brancos  faziam congresso internacionais para defender  esse povo sofrido e oprimido,o congresso foi no dia 19 de abril e esse dia foi dedicado ao índio brasileiro.
Hoje lembramos do índio não aquele homem livre e alegre do passado mas um povo resumido a pouca gente,pouca terra, pouca comida, pouca alegria,   só sobrou depois da descoberta muito sofrimento trazido por esse povo que prega a civilização.
Os anos se passaram os habitantes brancos que aqui vieram morar muitos deles gastaram sua vida nas minas achando ouro e outras riquezas pelos lados do que hoje chamamos Minas Gerais.
Quando a riqueza foi diminuindo sentiram-se escravizados e oprimidos. Os Portugueses donos dessas terras que acharam no curso da viagem pelo mar levavam tudo que se descobria aqui para terras distantes além mar. Foi então que valentes homens mineiros criaram a chamada inconfidência,levava esse nome por ser um movimento oculto para libertação da opressão portuguesa. 
Mas os portugueses mais uma vez descobriram tudo,os homens do tal movimento foram presos e com eles um tal Tiradentes assim conhecido por ser um dentista.
Todos conseguiram a alto preço comprar a liberdade , Tiradentes pobre e sozinho foi enforcado no dia 21 de abril e por isso hoje paramos para lembrar  sua bravura.
Assim contamos nossa história que faz rir e chorar. Rir pela bravura e coragem dos portugueses, pela alegria. Beleza e liberdade dos índios que enfeitavam essas terras,rir pela coragem e luta de homens como Tiradentes.
Choramos pelo domínio de quem se achava dono de uma terra linda criada por Deus.
Choramos pelo nosso povo índio.livres .alegres e lindos que hoje vivem lutando pela própria vida ,ainda possuem lindas cores, adornos,danças mas perderam a alegria.
Choramos pelas mortes tristes como a de Tiradentes, apesar da morte dos mártires ainda continuamos prisioneiros da ganância  de bens materiais todos os dias.
Somos brasileiros orgulhosos de nossa terra varonil e lutamos e sonhamos sempre com a liberdade, beleza,leveza que essa terra linda nos oferece.
E vamos cada dia escrevendo nossa história nesse solo brasileiro rindo e chorando conquistando nossos momentos de felicidade nessa terra que Deus nos deu, e nesse sertão regado de ouro conhecido como Estrela do Pará paramos nesse dia para lembrar  nossa história de luta e coragem, e vamos continuando nossa viagem pela vida rindo e chorando,andando e lutando em busca de nossas vitórias.

Li esse texto da minha própria autoria na programação da escola onde trabalho como professora , agora compartilho essa reflexão com meu Brasil e com o mundo na esperança que perto das novas eleições possamos buscar um futuro melhor e para que valorizemos a maior riqueza que Deus nos deixou a paz a liberdade e a alegria de viver.









sábado, 26 de julho de 2014

Estrela do Sertão
Este haveria   de ser um dia como os outros,mas não foi. Um telefonema mudou o rumo da minha história. Começou uma não sei se devo dizer triste ou quase linda história,daquelas parar rir e chorar muito mesmo.
Meu irmão me ligou e me disse que havia conseguido um trabalho naquela tão falada Estrela nem ouvi o final do nome o susto foi imenso. Dentro de menos de uma semana eu deveria deixar Redenção cidade que havia conquistado meu coração e que eu já aprendera amar de paixão. Tinha amigos preciosos daqueles mais que irmãos pais o mães aquelas jóias raras e preciosas que caem como anjos do céu em nossas vidas. E agora eu sentia que estava perdendo tudo aquilo outra vez... parecia um retrocesso ao inicio a mais de dois anos atrás. Deixar tudo ir rumo ao desconhecido ,sem conhecidos amigos e parentes. Era necessário, eu precisava do salário para meu sustento. Senti minha alma desmaiar dentro de mim ,o chão sumiu, as forças desapareceram como sempre era preciso ser forte.De onde viriam essa força e coragem, só posso dizer que do céu único lugar onde podemos achar essa força sobrenatural nas agruras da vida.
Encaixotava meus poucos pertences, parecia ter acordado dentro de um pesadelo. Minha amiga Marli ,mãe fiel que encontrei por milagre acompanhava atenta e dedicada minha trajetória, as vezes as lagrimas dela desciam vendo as minhas.Tentou me fazer desistir acho por ver meu sofrimento, mas não havia opção nem escolha eu precisava ir.
Era um domingo pela manhã parti com meu irmão com meus pertences em uma camioneta da prefeitura. Eu procurava abafar o desespero e encarar a realidade.
Esqueci do pesadelo por instantes e desfrutei da agradável viagem. A paisagem na pequena estrada de chão era linda. Parecia ter voltado a minha infância as lindas montanhas cobertas de grama faziam lembrar Santa Catarina e o sitio do meu avô.
Quando chegamos ao minúsculo vilarejo encravado no sertão a chuva desabava torrencialmente. Em meio ao temporal vi nascendo aos poucos em minha frente um filme de terror. Já sabíamos que a bomba que enviava água ao vilarejo estava com problemas que meu irmão veio para solucionar, com o temporal os telefones fixos única comunicação do lugar pararam de funcionar, a energia faltou e alguém avisou: - aqui a energia costuma faltar por muitos dias.
Ao abrir a casa em que eu deveria morar estava tudo úmido, muito lixo molhado cobria o chão e morcegos sobrevoavam para cá e para lá.
Definitivamente pensei que eu não sobreviveria naquele lugar.
Comecei implorar ao meu irmão que não me deixasse sozinha naquele lugar, assim como a chuva as lágrimas caiam torrencialmente eu era só desespero. Disse ao meu irmão que se me deixasse viria me sepultar eu não sobreviveria. Mas ele reagia friamente, sabia que eu era forte e nem dava sinais de preocupação  o que me desesperava e irritava ainda mais. Acabei perdendo o controle e dizendo coisas duras demais a filha dele minha sobrinha que insistia em desfilar conselhos inúteis que só traziam mais desespero.
Na segunda feira pela manhã ainda madrugada as cinco horas todos se foram era como bem disse o cantor Lazaro eu nem via mais o cais só eu e Deus agora...
As sete da manhã procurei me recompor e fui a escola me apresentar para a diretora para assumir o suposto emprego. Mas descobri que ele nem existia.
Agora sozinha, sem comunicação, com pouco dinheiro, sem emprego, andava atordoada pelas ruazinhas de terra, acho que eu era a atenção e comentário do pequeno vilarejo, um ET loira única sulista, com aquele sotaque , me sentia como se tivesse sido derrubada do planeta terra para outro lugar de um filme qualquer .
Torcia para  acordar do pesadelo, mas eu sabia não estava sonhando era tudo realidade e eu nem fazia idéia de como sobreviver. Então fiz o que aprendi fazer em todos os momentos de pesadelo pelos quais já passei ao  longo da minha existência.
Olhava paro o infinito e dizia : Deus eu nem sei o que pedir e dizer, estou desesperada , desculpe por dizer isso porque  o Senhor sempre me socorreu mas se até ao anoitecer alguém não aparecer para me ajudar eu acho que vou acabar com a vida, Deus, minhas forças não são suficiente para tudo isso. E aquele dia durou anos....
Aproximadamente as cinco da tarde vi alguém chegando carregando suas malas , parecia um americano jogador de basquete alto , moreno, pensei se tratar do médico cubano, mas não.
Ele iria se hospedar na casa vizinha a minha. A casa estava suja, quando vi ele tentando limpar resolvi oferecer ajuda mas ele disse que vira alguém para fazer o trabalho e descobri que era professor estadual do ensino modular. Saí mas logo ele perguntou sobre a energia e água que não havia, tentei ajudar novamente mas sem sucesso. Então ele sentou-se na calçada em frente a minha casa e com as mãos na cabeça dizia ser impossível ficar, precisava ir embora, mas naquele dia já nem haveria transporte. Vi  a minha própria imagem desesperada sentada diante de mim.
Definitivamente eu precisava ajudar, fazer alguma coisa... eu sabia exatamente o que se sente em um momento assim com certeza. Fiz o que eu jamais faria nem faço... Moço, olha só não fique desesperado. Eu acabei de chegar, minha situação é pior que a sua ( ele jamais poderia entender o que eu dizia) mas eu aluguei essa casa, não tem nada no lugar está suja acabei de chegar. Mas tem água e luz se você não conseguir outro lugar dorme nessa sala. Eu nem te conheço , mas você me respeita e eu faço o mesmo e damos um jeito de sobreviver em meio a tudo isso.
Nem sei porque  mas ele parecia mais calmo. Imediatamente colocou as malas na sala e sentou-se na cadeira e ponderou. Em um lugar desses nem hotel deve existir. Ah ja idéia de hotel foi como uma luz acesa. Moço eu sei onde é o hotel, dizem que é caro mas não custa perguntar.
E lá fomos nós rua a fora andando como velhos conhecidos quase amigos, talvez o sofrimento tenha um poder mágico de unir as pessoas.
Achamos o dono 25 reais era o preço por um quarto com uma cama de concreto, um ventilador mas aparentemente tudo limpo. Moço, não que eu não queira te ajudar mas se puder pague durma tranqüilo essa noite, tome seu merecido banho depois dessa longa viagem desde Belém, vá dar sua aula a noite e amanhã você resolve o problema da casa. Ele aceitou, ajudei carregar suas pesadas malas , me despedi e voltei para casa.Eu estava incrivelmente feliz por ter ajudado alguém mesmo porque eu sabia o que era estar sozinha naquele lugar mas a sensação de solidão parecia ter desaparecido e dormi tranquilamente aquela primeira noite sozinha em minha casa.
No outro dia pela manhã ele apareceu dizendo que ia ficar no hotel, o alertei que teria que arcar com as despesas já que tinham colocado a casa  a sua disposição. Ele disse que ficaria sete dias faria um relatório e iria embora , tinha vindo para ficar quinze. Eu resolvi não opinar mas  a idéia de ter um amigo por sete dias me alegrava.
E realmente foi um amigo passageiro como as nuvens mas que me abençoou como a chuva em terra seca. Todos os dias ia em minha casa, sempre me dando força, nossas conversas eram agradáveis era como se meu irmão caçula tivesse vindo me ajudar. Ele foi como um irmão e me respeitava como se fosse, apesar de que o vilarejo resolveu dizer que era um caso de amor não havia nada disso. Era uma amizade pura e sincera eu não sei porque mas sempre achei que foi resposta do meu pedido a Deus.
Ele ficou quinze dias, pagou o hotel do seu próprio bolso.Os alunos o admiraram, a diretora escreveu uma carta agradecendo a presença dele, na despedida fizeram uma festa linda com comidas deliciosas, alguém disse que ele chorou e não vi mas como eu disse a ele – Você escreveu uma história linda em apenas quinze dias que me inspira a ficar nesse lugar. Em nada aquilo se parecia com o moço sentado na minha calçada com a mãos na cabeça a apenas quinze dias atrás. Me senti feliz por ter prestado minha insignificante ajuda que foi retribuída por aquela curta e rápida amizade.
Eu estava sozinha outra vez, mas já estava trabalhando , o meu irmão havia conseguido junto a prefeita o trabalho na escola. Eu já conhecia os colegas na escola e apesar da ausência do amigo eu já estava bem mais habituada aquela nova realidade e resolvi seguir os conselhos. Erica já que você diz que vai ficar aqui dê o seu melhor não para aparecer diante das pessoas   mas para ter um bom motivo por ter vindo e para se sentir feliz se isso for possível. Ele achava que eu não tinha nada a ver com aquele lugar e eu sempre achei que ele estava certo.
Ainda tem muitas estórias nesse mundo de Estrela rssss e eu as contarei com certeza... assim foram meus primeiros dias por aqui, agora conheço muita gente, vivo sorrindo, acho graça de tanta aventura, até acho que posso dizer que gosto daqui , do meu cantinho da paisagem encantadora que o lugar oferece, acho que viajo pela pagina de um livro todos os dias... chorei muito agora já é tempo de riso e assim que tiver oportunidade volto para contar essas belas histórias desse sertão paraense encravada nas verdes montanhas e vales onde se anda rindo e chorando as vezes de tristeza outras de felicidades escrevendo lindas histórias de vida sempre .






Estrela do Sertão...  A Aventura Continua!
Depois de dois ou três dias comecei a dar aula inicialmente de português mas logo mudaram de idéia e me tornei professora de geografia, Religião, reforço... me senti bem com o trabalho e aos poucos meus pés pareciam ter chão para andar outra vez. Foi tentando fazer minha casa habitável, mas tudo continuava muito sem conforto, bagunçado e eu sempre tinha uma sensação de sujeira. Só agora no inicio de julho depois de um dia inteiro limpando e organizando apenas meu quarto, instalei uma pia na cozinha coisa que fazia uma falta tremenda, agora sinto ares de uma casa habitável, me sinto em casa depois de mais de cinco meses.
Depois da segunda semana de aula como ainda faltavam horas para completar as 200 que eu recebia como salário a diretora me pediu que fosse pela manhã a escola. Quando lá cheguei as oito horas descobri que me tornaria ajudante da ajudante de creche...e deveria entrar na sala imediatamente sem que a professora  fosse avisada. Me senti caindo repentinamente no abismo, dessa vez o chão havia sumido de vez.
Enquanto a secretaria tentava convencer a professora a me aceitar na sala sentei atônita na sala dos professores. Quem entrava lá perguntava: ----Professora o que está acontecendo com você? Acho que meu rosto refletia todo o desespero do coração.
A secretaria voltou inocentemente e disse professora pode ir... repentinamente sem saber como,  reagi me levantando bruscamente falando nervosamente e me dirigindo ao portão.
Falava alto com voz tremula:  Isso não está certo, não vou fazer isso, aqui eu não fico... isso não está certo vou ligar para meu irmão. Sai como um furacão.
Soube depois que deixei a secretaria sem dormir ,preocupada com a situação, depois de passado o fato voltei e pedi perdão.
Desci a pequena montanha, nem sentia as pernas que me carregavam, havia colocado o resto da minha vida que sobrara a perder..
Quando cheguei em frente a minha casa onde havia bares e sempre tocava musicas de todos os tipos menos evangélicas e não pude crer no que ouvia conforme me aproximava da minha casa!
O som era mais que claro o céu havia descido em meu socorro!! _ a musica tocava: mestre eu preciso de um milagre ... restaura minha vida meu estado, faz tempo que não vejo a luz do dia, estão tentando sepultar minha alegria...
Era Deus, era o próprio milagre. Agora as lagrimas continuavam descendo mas de alegria reconheci que um milagre estava acontecendo eu não sabia qual mas tinha certeza era o milagre iniciando.
Entrei em casa agradecendo a Deus pelo milagre, pelo que ele estava iniciando. Eu tinha certeza era coisa especial... eu estava transbordando ,o céu se movia a meu favor.
Voltei a escola a tarde e na hora do intervalo a diretora me dirigiu a palavra calmamente.
-Você queria falar comigo? Respondi. Queria não, ainda quero mas tenho aula no oitavo ano o sinal já vai tocar.
Ela continuou insistindo. Era véspera de carnaval ela iria a cidade e precisava falar comigo antes de viajar. E decidiu. Deixe seus alunos vamos conversar.
Pedi que fossemos a um lugar mais reservado e nos dirigimos a pequena biblioteca, hoje depósito uma biblioteca ampla e linda hoje ocupa o lugar daquela feia e minúscula.
Ela me pediu desculpas pelo transtorno conversava educadamente e um pouco emocionada. Minhas lagrimas não demoraram a descer. Eu pedi perdão  por haver desobedecido disse que esse não era meu perfil que queria respeitá-la sempre como minha superior , que eu era submissa a quem devido mas que eu não suportaria aquele trabalho que me traria pressão psicológica que hora eu não estava preparada para enfrentar.
Ela tentando consertar a situação disse que eu podia ir a todas as salas ,que eu era inteligente poderia dar idéias novas as professoras, calada vi o mundo desabar ainda mais mas dessa vez não reagi ouvi calmamente e calada. Ela dizia aquilo como um elogio de coração tentando me valorizar  mas eu sabia muito bem no que aquilo podia resultar.
Então nasceu o milagre. Nunca saberei de onde surgiu aquela voz na minha garganta, nem de onde veio a idéia... era o milagre de que a musica falou ,hoje tenho plena certeza disso.
Eu toco flauta doce, disse entusiasmada... eu não cria no que dizia... vamos fazer um projeto de flauta. Acho que não fui eu, talvez eu nunca diria aquilo... mas disse. Exceto uma experiência maravilhosa que tive nos meus últimos dias em Cuiabá que daria outra história e talvez eu ainda a conte fazia muitos anos que minha flauta dormia adormecida guardada em gavetas e agora em minha mala, mais de vinte anos...
Ela aceitou instantaneamente. Eu não sabia o que estava acontecendo mas continuei entusiasmada. Tem flautas baratas acho que nas lojas de um e noventa e nove... mal sabia eu que aquelas flautas não são instrumento, não são de verdade são apenas um brinquedo de criança.
Ela foi pra Santana do Araguaia, achou flautas de três reais, na verdade são brinquedo e não flautas, pediu para que a dona embalasse nove. Então ela explicou era para aula de flautas na escola onde era diretora.
A dona da loja se entusiasmou e disse : Segunda feira matriculo meu filho na sua escola onde fica? Vai ter aula de flauta? Meu filho vai estudar lá. Isso não é possível respondeu, minha escola fica a 120 km daqui. Ela voltou entusiasmada e feliz me contando e me entregou uma flauta, eu contemplava tudo um tanto feliz e assustada . Eu não tinha experiência com aulas só havia aprendido e tocado por toda minha vida mas aquilo tudo era quase uma insanidade criada na hora de desespero , mas eu me mostrava forte e confiante sabia que era um milagre e quem começou era capaz de realizar o impossível e por isso eu ia adiante confiante.
Eu tenho uma linda flauta Bloch de madeira, hoje a comunidade é apaixonada por ela e me perguntam quanto custou. Eu não sei dizer ganhei ela da minha irmã quando eu tinha apenas doze anos e ela me acompanha desde esse tempo por onde ando e nossa moeda nem é mais a mesma daqueles passados anos.
Levei a flautinha azul para casa, deixei cair no chão, não saia um só som.Olhei para aquele pedaço de flauta e pensei: eu jamais vou tirar som disso mas aquele que faz o milagre acontecer vai fazer com meus alunos toquem isso, isso é uma flauta Deus eu creio que o Senhor faz desse plástico uma flauta.
E fez! E como fez!
Agora eu precisava conseguir o método de flauta doce de Maria Mahle nas minhas andanças eu havia perdido o meu e quem tinha um era minha irmã em Santa Catarina mas aqui o correio mais próximo fica a 40 km. Consegui uma internet emprestada achei o tal método mas por causa dos direitos autorais não consegui imprimir, as tentativas foram muitas mas sem sucesso. Eu poderia pedir um livro mas sem correio também não havia essa possibilidade. Eu poderia pagar mas não tinha como.  Pensei em enviar para Redenção para que depois eu fosse buscar mas eram 320km e isso não se tornaria inviável.
Agi contra a lei, insisti, insisti até que meu sobrinho desembolsou dinheiro próprio escaneou o livro e enviou pela e mail da secretaria da escola porque o meu não abria o código de verificação é o numero do meu celular mas aqui celular não pega... eu lutava valentemente a todos os obstáculos era preciso ensinar flauta ,era questão de sobrevivência .
Peço desculpas a editora e a Maria Mahle mas um dia ainda comprarei muitos livros e darei o lucro que furtei por necessidade a eles mas creio que foi um crime sem maldade e espero que depois que isso ande na internet eu não sofra as conseqüências...
No dia em que a diretora me concedeu o projeto ela contou que sua sobrinha tocava a musica do filme Titanic e que a primeira apresentação do meu trabalho estava marcado era tocar a musica na festa do dia das mães, eu nem sabia que musica era aquela , não tinha partitura mas fiquei tranqüila pensando o que é pra ser será mesmo porque não tinha como acrescentar a tantos desafios dos últimos dias aquela preocupação. Matriculamos os alunos e iniciei as aulas.
Os alunos tiram som daqueles pedaços de plástico, bem desafinado eu sei mas tocavam nota por nota e eu dava aulas feliz e entusiasmada com o sucesso daquela loucura toda.
Antes de iniciar o projeto peguei meu hinário selecionei algumas musicas, achei minha velha linda e boa flauta e fui tocar para a diretora. Ela levou um susto.
 Os alunos tem que ler isso? Tocar essas notas. Ela não havia levado aquilo tão a sério e agora se assustava diante daquilo tudo. Erica eles não aprendem isso, nossos alunos são simples. Ela olhava incrédula meus dedos dançarem sobre a flauta com os olhos fitos nas notas musicais. Eu só sei tocar assim é aula de musica de verdade.
Acalmei ela dizendo isso é como ler a gente aprende o A o B o C depois junta tudo e le... Aqui é assim a gente aprende o si, o La o sol , o dó e depois le tudo e toca , os alunos vão aprender musica e isso é um tesouro que vão levar por sua vida toda não é lindo falei sorrindo!
Ela não desistiria e escancarou as portas para tudo que precisei, eu me encantava com a perseverança e apoio incondicional e vou ser eternamente grata pela vida dela e o sonho que ela me permitiu realizar nesse sertão brasileiro e ela sempre será lembrada por mim e por todos os alunos por essa saga realizada nesse lugar distante.
Com dois meses as primeiras alunas apresentaram um hino tocado na páscoa por elas com o som desafinado daqueles brinquedos ,elas liam as notas e os dedos dançavam lindos sobre aqueles feios pedaços de plástico azul que chamávamos de flauta, não sem muitas vezes reclamarmos juntas daqueles horríveis instrumentos rsss
O dia das mães se aproximava. A professora Vera Lucia foi a Redenção e trouxe três lindas flautas brancas  Yaamara . Meu aluno Adelmo havia encomendado uma deu os 30 reais e ela trouxe mais duas. O som era maravilhoso,eu me apaixonava mas ele disse : professora eu não deixo você tocar na minha flauta. Perguntei porque ele respondia sorrindo: -Você nunca deixa ninguém tocar na sua de madeira. Eu sorria , sempre disse aos alunos que era relíquia desde meus doze anos, tinha ciúme e não emprestava minha flauta rssss, era uma maneira de não ver aquela preciosidade desafinada e destruída mas riamos juntos da brincadeira.

Conseguimos depois de muita luta, muitos acessos a internet com a ajuda persistente da professora Vera Lucia conseguimos montar a partitura do que chamo de Titanic. Perto do dia das mães a professora Vera e o guarda da escola fizeram suportes de madeira para musica revestido de papel laminado era necessário paciência para equilibrar aquilo mas deu certo já que não tínhamos os 65 reais que custam os suportes verdadeiros.

 Um aluno que tocava por ouvido antes de eu iniciar o projeto nos auxiliou. Começamos o ensaio mas não fosse a fé e persistência eu jamais teria conseguido aquilo em tão pouco tempo com praticamente nenhum recurso. Era o grande dia. Meus alunos vestiram o uniforme lindo da fanfara mas a única jaqueta que me servia também era o tamanho do aluno que me ajudou na montagem da partitura  e que tocaria lindamente a introdução, cedi a ele o uniforme consegui uma promoção de uma blusa branca que a diretora vendia por 140 reais mas me vendeu por 100, era um modelo bata, branca não fazia meu estilo me sinto enorme dentro dela mas com um cinto diminuindo o tamanho usei para parecer com eles e realizamos um grande sonho. Fomos ouvidos em silencio absoluto pela multidão presente ,aplaudidos e recebi muitos parabéns e inúmeros elogios a comunidade dizia em coro na semana seguinte. Foi lindo!!! E FOI MESMO. Era  sem duvida o milagre de que a musica me falou naquele dia triste em que eu descia a ladeira desiludida e desesperada.
Aqui fica uma grande lição de vida. Aquilo que deveria ser motivo de guerra, de desunião, com educação, boa conversa pedido de desculpas, reconhecendo a devida autoridade de mãos dadas eu e a diretora do colégio Osvaldo Carlos Gama  Wanyleila Carvalho plantamos aquelas sementinhas insignificantes e hoje estamos colhendo flores e frutos abundantes , ela me disse a glória que levamos é aquela que cada um desse alunos levará pra sempre em suas vidas.
Desculpe eu insistir mas essa sim é uma história pra rir e chorar muito e pasmar diante da grandeza e do milagre de Deus.
Escrevo essa história no finalzinho das minhas férias. Passei pela dor de ver meu pai perder sua esposa a uma semana. De idade e sozinho a situação preocupa.
De volta da viagem em que fui ver a ajudar meu pai , passei por uma cidade no  Mato Grosso ( para visitar minha amiga Marli amizade que conservo desde a minha juventude quando cursamos juntas o segundo grau) não vou dizer o nome da cidade porque ainda  não sei se o fato se concretiza mas conversando com o secretario de finanças que a mais de vinte anos me contratou como professora do colégio onde era diretor e com o secretario de educação os dois concordaram em implantar o projeto de flauta doce, mas com medo de enfrentar mais um desafio rapidamente por causa da distancia da mudança e do cansaço emocional saí de lá com a promessa e acordo , só de palavras por enquanto do sonho de implantar  na cidade um projeto de flauta e eu receber o mesmo salário daqui por isso. Essa esperança alegra meu coração nesses dias triste que poderiam ser de Crise não fosse a fé e  certeza que Deus está no controle de tudo, mas tenho que confessar se isso se concretizar no final do ano estarei diante de mais um milagre imensurável, não consigo crer de coração em algo tão grandioso mas sei que para esse Deus maravilhoso nunca existirão impossíveis.
Assim termino esse texto contando com meus leitores que servem o mesmo Deus que eu que peçam mesmo a papai do céu que complete essa linda obra que ele mesmo começou com mais esse sonho lindo escritos pela vida com risos e lágrimas de tristeza as vezes mas de alegrias também. Como diz o cantor é muito bom seguir a vida sonhando os sonhos de Deus.




quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Quase Um Conto de Fadas... Da Vida Real!


Quase Um Conto de Fadas... Da Vida Real!

Eu não sabia nem imaginava mas era um dia de encontro familiar!

O telefone tocou,  meu irmão me avisando que estava em frente ao portão.

Fui  recebê-lo, preparei um simples café, fui a padaria vizinha comprei uma rosca,comemos sentados a mesa,como era bom poder conversar com alguém próximo.

Sua estada seria cura, fizemos compras,preparei o almoço enquanto conversamos, comemos e ele se foi cumprir seus compromissos para regressar a sua cidade. Dei um currículo pedi que ele entregassem ... ele lia atento. Na verdade acho que por nunca ter acompanhado minha vida de perto vi uma expressão de surpresa estampada no rosto enquanto lia. Perguntei se ele iria voltar, respondeu que não. – Então como você vai saindo sem se despedir direito? Ah! Vou aqui pertinho... Acho que era para que o aconchego do momento não fosse quebrado.

Escrevi da minha alegria em uma rede social, os satélites levaram as palavras e um primo do meu pai que mora nos Estado Unidos  iniciou uma animada conversa. Primeiro sobre o nome Cumaru, depois a conversa foi se estendendo, ele agora falava dos meus avós.

Foi como se um passado que já não era tão remoto ressuscitasse imediatamente na minha mente...era como um filme quase real.

Comecei  a Ver...  Era uma casa grande , alta feita de madeira cuidadosamente beneficiada e com uma pintura perfeita.  O exterior era de um verde musgo que  completava as árvores do lugar umas frutíferas ,outras de sombra. O destaque sempre era um grande pé de peras onde lembro que me avô colhia os frutos, foi lá que vi a primeira vez aquela vara com um cestinho na ponto para que as frutas fossem colhidas sem dano.

O interior da casa era de uma tinta sintética bege que exibia seu brilho com detalhes azuis bem claros e delicados por toda parte.

Os móveis eram de madeira da mesma cor,mas muito bem talhados e acabados nunca me esqueci do pequeno guarda louça em formato do canto da parede com portas de vidro que exibiam lindas porcelanas. Não sei ao certo mas acho que os móveis eram feitos por membros da família.

Quando a gente chegava da pequena rua de terra sobre o portão sempre havia ramadas de flores em forma de arco, creio que as vezes as plantas eram mudadas e por isso as flores variavam. Não consigo ver arco de flores sem lembrar da casa dos meus avós!

Já portão adentro uma cerca viva fazia um caminho até a casa como que conduzindo o visitante pátio adentro. De um lado flores de outro plantações de moranguinhos cuidadosamente plantados  exibiam sua beleza. As vezes devidamente acompanhados podíamos colher e comer alguns, era preciso andar com cuidado era quase uma relíquia.

No lado oposto havia imensas árvores não me recordo a espécie ,e um galho que parecia talhado para a finalidade havia duas correntes fortes, enormes e longas que sustentavam um balanço com um largo e confortável acento.

Nunca poderia esquecer a cena. Os netos eram convidados para o local depois do restante da programação e meu avo se encarregava de fazer nossos pequenos pezinhos alcançarem com muita emoção a ponta dos galhos mais altos. Quem sabe era uma maneira de nos ensinar para que tentássemos voar alto.

Não sei exatamente o motivo mas só íamos a casa dos meus avós paternos em datas especiais, aniversários etc. Sempre a tarde a programação era animada com um lindo e delicioso café com todos assentados ao redor da mesa,cada um no lugar devidamente indicado. As toalhas de mesa eram mais alvas do que a neve, havia bolos e doces de todos os tipos e cores imagináveis e um delicioso café com leite que nunca mais bebi outro igual. Era quase um cerimonial.

Eles eram donos de uma biblioteca invejável e eu me lembro de que o grande sonho da minha irmã era um dia herdar aqueles livros, sonho este que ela nunca conseguiu realizar.

Não posso dizer quem preparava tudo mas não havia nada absolutamente nada fora do lugar naquela casa.Terminantemente mesmo com muita crianças não havia uma só mancha de sujeira nas paredes,as camas eram brancas como a neve os lençóis parecia engomados e pareciam imóveis sobre as camas. Muitos guardanapos brancos com lindíssimos bordados enfeitados com vasos de flores que parecia nunca murchar em todos os lugares. Agora que sou adulta me pergunto como tudo aquilo era possível... o chão de madeira reluzia um brilho incrível.

Acho que recortaram um castelo na Europa e Plantaram naquela simples zona rural catarinense. Lembro do pequeno riacho uma pontezinha de madeira e do outro lado os pastos com vacas leiteiras, mas dificilmente, a não ser a convite, a gente poderia atravessar, as crianças eram cuidadosamente minitoradas a gente se deliciava mas tudo com ordem e permissão cuidadosamente planejada pelos anfitriões.

Meu avó logo se foi, um câncer cruel ceifou a vida dele. Depois disso por longo tempo eu e minha prima andávamos longos dois kilometros de bicicleta na estradinha de terra para dormir com  minha avó que não queria dormir sozinha. A casa parecia triste e solitária.  Minha vó falava pouco, só sabia falar alemão nunca aprendeu a língua e se irritava quando conversávamos em português. Nossos shorts curtos demais para ela todos os dias eram alvos das suas criticas rssss e na nossa crueldade de duas adolescentes a saída nesses momentos era iniciar nossa conversa em português... ela então continuava lendo seus livros companheiros inseparáveis... nunca vi minha avó sem um livro por perto.

Depois ela mudou-se para a pequena cidade de Riqueza onde morávamos. Os móveis eram os mesmo, o jardim nunca jamais parou de florescer,os guardanapos nunca perderam a goma e os bordados, os vasos nunca deixaram um só dia de exibir suas flores cuidadosamente colhidas. E o radio em que todos os dias ela ouvia a radio transmundial transmitida em alemão nunca deixou de existir eram um companheiro inseparável tal como os livros.

Nunca vi minha avó com roupa suja, desalinhada, ou com o cabelo despenteado, esse era cuidadosamente preso por um lindo coque postiço que escondia os poucos cabelos brancos. Gestos delicados, fala mansa, olhos azuis brilhantes e um sorriso cuidadosamente planejado nos lábios, como se estivesse sempre pronta para uma foto digna de revista.

Nos mudamos para o Mato Grosso e vi ela muito poucas vezes mais. Recebi muitas cartas escritas do punho dela em alemão.... (acho que as lagrimas vão descer)acho que antes de eu deixar tudo ainda guardava algumas delas...

As cartas eram rechedas de palavras cuidadosamente selecionadas na bíblia as vezes coladas junto com figurinha na maioria das vezes com flores. Eram palavras de elogio , incentivo e principalmente pra dizer que todos os dias ela orava por mim.Eu creio que sim... porque Deus cuidava de mim naquele tempo de uma forma imensamente especial. Até acho que foi depois da partida da minha mãe e dos meus avós que descarrilhei talvez por falta daquele alicerce de oração ,conselhos incentivo carinho e amor.

Ah, eu estava contando da conversa nessa tarde com o primo do meu pai,sim ele me perguntou se era verdade que ela era de uma família rica da Alemanha. Nunca pensei nisso. Se eles eram horticultores lá. Tristemente me deparei com o fato que eu não conheci minha avó. Não sei nada sobre sua história sua família, seu passado. Senti uma vontade imensa enorme de saber não sem sentir um remorso tremendo por nunca ter perguntado ou ouvido nada sobre ela... me senti cruel... como se passa na vida das pessoas sem conhecer seu jardim interior? Talvez o exterior que me maravilhou e me faz amar as flores até hoje tinha algum significado! Nunca vou saber.

Meu avô era o único agrimensor daquela região falava um pouco de português e segundo a história foi ele que desenhou todas as estradas do oeste catarinense que hoje são grandes e importantes  rodovias asfaltadas. Ele era dono do único veiculo da região um 29 como era chamado na época. Sei que vieram da Alemanha em busca de um futuro melhor e quando planejavam voltar chegou a segunda guerra mundial e por isso terminaram suas vidas aqui,creio que esse é o principal motivo porque nasci brasileira rsss.

Esse foi meu dia, sim um dia com um grande encontro familiar. Encontro vindo do Cumaru, dos Estados Unidos, da pequena Cidade catarinense de Riqueza para encontrar meu pequeno coração que ficou por ironia do destino encravado nessa bela cidade de Redenção.

Escrevo minha história não sem pensar como é possível passar pela vida de pessoas que admiramos e amamos tanto sem conhecer o jardim que tantas mãos e pessoas plantaram por dentro e que brota com cores flores perfumes maravilhosas por fora.

Assim foi essa tarde... quase um flime... um conto de fadas que chegou quase que como um relâmpago pelo bate papo de uma pagina social trazida pelos satélites do outro lado do mundo por alguém que nem sei ao certo se já vi pessoalmente mas que fez parte da construção do jardim e por isso pode falar dele.

Se pensou que tudo é fruto da minha imaginação, que li isso em um conto, sinto informar meu amigo leitor isso é sim uma historia para rir e chorar cultivado e encravado na minha vida por muitas mãos jardineiras que em árdua trabalho ajudaram a escrever minha história que sempre são para rir e chorar...como disse uma desconhecia virtual ontem melhor rir ou sorrir do que chorar...