quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Quase Um Conto de Fadas... Da Vida Real!


Quase Um Conto de Fadas... Da Vida Real!

Eu não sabia nem imaginava mas era um dia de encontro familiar!

O telefone tocou,  meu irmão me avisando que estava em frente ao portão.

Fui  recebê-lo, preparei um simples café, fui a padaria vizinha comprei uma rosca,comemos sentados a mesa,como era bom poder conversar com alguém próximo.

Sua estada seria cura, fizemos compras,preparei o almoço enquanto conversamos, comemos e ele se foi cumprir seus compromissos para regressar a sua cidade. Dei um currículo pedi que ele entregassem ... ele lia atento. Na verdade acho que por nunca ter acompanhado minha vida de perto vi uma expressão de surpresa estampada no rosto enquanto lia. Perguntei se ele iria voltar, respondeu que não. – Então como você vai saindo sem se despedir direito? Ah! Vou aqui pertinho... Acho que era para que o aconchego do momento não fosse quebrado.

Escrevi da minha alegria em uma rede social, os satélites levaram as palavras e um primo do meu pai que mora nos Estado Unidos  iniciou uma animada conversa. Primeiro sobre o nome Cumaru, depois a conversa foi se estendendo, ele agora falava dos meus avós.

Foi como se um passado que já não era tão remoto ressuscitasse imediatamente na minha mente...era como um filme quase real.

Comecei  a Ver...  Era uma casa grande , alta feita de madeira cuidadosamente beneficiada e com uma pintura perfeita.  O exterior era de um verde musgo que  completava as árvores do lugar umas frutíferas ,outras de sombra. O destaque sempre era um grande pé de peras onde lembro que me avô colhia os frutos, foi lá que vi a primeira vez aquela vara com um cestinho na ponto para que as frutas fossem colhidas sem dano.

O interior da casa era de uma tinta sintética bege que exibia seu brilho com detalhes azuis bem claros e delicados por toda parte.

Os móveis eram de madeira da mesma cor,mas muito bem talhados e acabados nunca me esqueci do pequeno guarda louça em formato do canto da parede com portas de vidro que exibiam lindas porcelanas. Não sei ao certo mas acho que os móveis eram feitos por membros da família.

Quando a gente chegava da pequena rua de terra sobre o portão sempre havia ramadas de flores em forma de arco, creio que as vezes as plantas eram mudadas e por isso as flores variavam. Não consigo ver arco de flores sem lembrar da casa dos meus avós!

Já portão adentro uma cerca viva fazia um caminho até a casa como que conduzindo o visitante pátio adentro. De um lado flores de outro plantações de moranguinhos cuidadosamente plantados  exibiam sua beleza. As vezes devidamente acompanhados podíamos colher e comer alguns, era preciso andar com cuidado era quase uma relíquia.

No lado oposto havia imensas árvores não me recordo a espécie ,e um galho que parecia talhado para a finalidade havia duas correntes fortes, enormes e longas que sustentavam um balanço com um largo e confortável acento.

Nunca poderia esquecer a cena. Os netos eram convidados para o local depois do restante da programação e meu avo se encarregava de fazer nossos pequenos pezinhos alcançarem com muita emoção a ponta dos galhos mais altos. Quem sabe era uma maneira de nos ensinar para que tentássemos voar alto.

Não sei exatamente o motivo mas só íamos a casa dos meus avós paternos em datas especiais, aniversários etc. Sempre a tarde a programação era animada com um lindo e delicioso café com todos assentados ao redor da mesa,cada um no lugar devidamente indicado. As toalhas de mesa eram mais alvas do que a neve, havia bolos e doces de todos os tipos e cores imagináveis e um delicioso café com leite que nunca mais bebi outro igual. Era quase um cerimonial.

Eles eram donos de uma biblioteca invejável e eu me lembro de que o grande sonho da minha irmã era um dia herdar aqueles livros, sonho este que ela nunca conseguiu realizar.

Não posso dizer quem preparava tudo mas não havia nada absolutamente nada fora do lugar naquela casa.Terminantemente mesmo com muita crianças não havia uma só mancha de sujeira nas paredes,as camas eram brancas como a neve os lençóis parecia engomados e pareciam imóveis sobre as camas. Muitos guardanapos brancos com lindíssimos bordados enfeitados com vasos de flores que parecia nunca murchar em todos os lugares. Agora que sou adulta me pergunto como tudo aquilo era possível... o chão de madeira reluzia um brilho incrível.

Acho que recortaram um castelo na Europa e Plantaram naquela simples zona rural catarinense. Lembro do pequeno riacho uma pontezinha de madeira e do outro lado os pastos com vacas leiteiras, mas dificilmente, a não ser a convite, a gente poderia atravessar, as crianças eram cuidadosamente minitoradas a gente se deliciava mas tudo com ordem e permissão cuidadosamente planejada pelos anfitriões.

Meu avó logo se foi, um câncer cruel ceifou a vida dele. Depois disso por longo tempo eu e minha prima andávamos longos dois kilometros de bicicleta na estradinha de terra para dormir com  minha avó que não queria dormir sozinha. A casa parecia triste e solitária.  Minha vó falava pouco, só sabia falar alemão nunca aprendeu a língua e se irritava quando conversávamos em português. Nossos shorts curtos demais para ela todos os dias eram alvos das suas criticas rssss e na nossa crueldade de duas adolescentes a saída nesses momentos era iniciar nossa conversa em português... ela então continuava lendo seus livros companheiros inseparáveis... nunca vi minha avó sem um livro por perto.

Depois ela mudou-se para a pequena cidade de Riqueza onde morávamos. Os móveis eram os mesmo, o jardim nunca jamais parou de florescer,os guardanapos nunca perderam a goma e os bordados, os vasos nunca deixaram um só dia de exibir suas flores cuidadosamente colhidas. E o radio em que todos os dias ela ouvia a radio transmundial transmitida em alemão nunca deixou de existir eram um companheiro inseparável tal como os livros.

Nunca vi minha avó com roupa suja, desalinhada, ou com o cabelo despenteado, esse era cuidadosamente preso por um lindo coque postiço que escondia os poucos cabelos brancos. Gestos delicados, fala mansa, olhos azuis brilhantes e um sorriso cuidadosamente planejado nos lábios, como se estivesse sempre pronta para uma foto digna de revista.

Nos mudamos para o Mato Grosso e vi ela muito poucas vezes mais. Recebi muitas cartas escritas do punho dela em alemão.... (acho que as lagrimas vão descer)acho que antes de eu deixar tudo ainda guardava algumas delas...

As cartas eram rechedas de palavras cuidadosamente selecionadas na bíblia as vezes coladas junto com figurinha na maioria das vezes com flores. Eram palavras de elogio , incentivo e principalmente pra dizer que todos os dias ela orava por mim.Eu creio que sim... porque Deus cuidava de mim naquele tempo de uma forma imensamente especial. Até acho que foi depois da partida da minha mãe e dos meus avós que descarrilhei talvez por falta daquele alicerce de oração ,conselhos incentivo carinho e amor.

Ah, eu estava contando da conversa nessa tarde com o primo do meu pai,sim ele me perguntou se era verdade que ela era de uma família rica da Alemanha. Nunca pensei nisso. Se eles eram horticultores lá. Tristemente me deparei com o fato que eu não conheci minha avó. Não sei nada sobre sua história sua família, seu passado. Senti uma vontade imensa enorme de saber não sem sentir um remorso tremendo por nunca ter perguntado ou ouvido nada sobre ela... me senti cruel... como se passa na vida das pessoas sem conhecer seu jardim interior? Talvez o exterior que me maravilhou e me faz amar as flores até hoje tinha algum significado! Nunca vou saber.

Meu avô era o único agrimensor daquela região falava um pouco de português e segundo a história foi ele que desenhou todas as estradas do oeste catarinense que hoje são grandes e importantes  rodovias asfaltadas. Ele era dono do único veiculo da região um 29 como era chamado na época. Sei que vieram da Alemanha em busca de um futuro melhor e quando planejavam voltar chegou a segunda guerra mundial e por isso terminaram suas vidas aqui,creio que esse é o principal motivo porque nasci brasileira rsss.

Esse foi meu dia, sim um dia com um grande encontro familiar. Encontro vindo do Cumaru, dos Estados Unidos, da pequena Cidade catarinense de Riqueza para encontrar meu pequeno coração que ficou por ironia do destino encravado nessa bela cidade de Redenção.

Escrevo minha história não sem pensar como é possível passar pela vida de pessoas que admiramos e amamos tanto sem conhecer o jardim que tantas mãos e pessoas plantaram por dentro e que brota com cores flores perfumes maravilhosas por fora.

Assim foi essa tarde... quase um flime... um conto de fadas que chegou quase que como um relâmpago pelo bate papo de uma pagina social trazida pelos satélites do outro lado do mundo por alguém que nem sei ao certo se já vi pessoalmente mas que fez parte da construção do jardim e por isso pode falar dele.

Se pensou que tudo é fruto da minha imaginação, que li isso em um conto, sinto informar meu amigo leitor isso é sim uma historia para rir e chorar cultivado e encravado na minha vida por muitas mãos jardineiras que em árdua trabalho ajudaram a escrever minha história que sempre são para rir e chorar...como disse uma desconhecia virtual ontem melhor rir ou sorrir do que chorar...

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